terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Buscando Uma Saída Pedagógica

BUSCANDO UMA SAÍDA PEDAGÓGICA



A busca por uma saída pedagógica se instala dentro de um grupo ou de um professor a partir de uma reflexão do cotidiano escolar, tendo como indicadores os resultados de aprendizagem, de freqüência, de evasão e de motivação que seus alunos vêm apresentando.
Toda preocupação com o trabalho pedagógico deve abrigar a responsabilidade para que seus alunos aprendam os conteúdos necessários e possam construir os instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas.
A LDB fixou as normas mínimas para assegurarem o desenvolvimento das diretrizes para Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio em âmbito Nacional que estabelecem fundamentos que devem nortear as propostas pedagógicas das escolas.
Algumas perguntas devem ser respondidas antes da decisão do caminho a ser tomado: Que sociedade desejamos construir? Que pessoa queremos formar? Que educação desejamos para nossa instituição? Como é o Mundo escolar? Como deveria ser?

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS
(Com perfil do que seja democracia, ela não forma consumidores, mas cidadãos)

Frei Beto

Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, a costurar, a consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóveis e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham na horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenhos, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra.
Uma semana no ano integram-se na cidade, ao trabalho dos lixeiros, enfermeiros, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim, aprendem a cidade por baixo, mergulhando em conexões subterrâneas que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.
Não há temas tabus. Todas as situações limite da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões de privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos dos jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula- I e nas pesquisas do supertelescópio Hublle; a Química; na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História; na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores-índios, senhores-escravos, exércitos-Canudos, etc.
Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se complementem; a multiplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aula de meditação e dança e associa História da Arte à História das ideologias e das expressões litúrgicas.
Se a escola for laica, ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo; o pai santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo; etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja.
Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da competência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática da escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.

Geralmente os modelos educacionais empregados na prática pedagógica formam a massificação do processo ensino-aprendizagem. O trabalho realizado trata a todos pela média da turma, considerando que todos aprendem da mesma maneira.
Quando a concepção da escola está centrada no aluno contraria o ensino da massificação e passa-se a um posicionamento onde cada um é olhado de acordo com suas reais necessidades. Com o olhar modificado, o professor passa a analisar cada aluno a partir dos pontos fortes e fracos, centros de interesse, participação nas atividades proposta e motivação, podendo, assim, garantir que receba a educação necessária para desenvolver suas habilidades.
Para encontrar a porta aberta que mostre a saída pedagógica ao lugar de sucesso escolar, o caminho deve ser percorrido por todos os atores do processo educacional: os alunos, os professores, o coordenador, o diretor, a família e a comunidade.
O que fazer? Como fazer?

1- Diagnóstico
2- Discussão
3- Reflexão
4- Levantamento dos problemas
5- Apresentação da Solução
6- Prioridades
7- Levantamento das metas de curto e longo prazo
8-Ação
9-Avaliação/Reflexão/Ação


Ao seguir estes passos encontrará o PPP (Projeto Político Pedagógico).


PONTOS FUNDAMENTAIS PARA O INÍCIO DO TRABALHO



J Número de alunos de cada classe
J Número de alunos promovidos na classe/série /disciplina
J Número de alunos evadidos/retidos
J Número de alunos participantes de estudo de recuperação
J Número de alunos promovidos após estudos de recuperação
J Outros dados de desempenho dos alunos (SARESP ou outros)


ESCOLAS CONSTRUTIVISTAS


Segundo Celso Antunes, muitas escola construtivistas fazem um alarde de uma pedagogia inovadora, mas revelam bem mais no discurso do que no empenho efetivo e ação cotidiana de seus professores. O construtivismo se apóia no princípio de que o conhecimento não representa um saber que “vem de fora” ou que se capta do meio e que, portanto não pode ser transmitido pelo professor através de exposições programadas para alunos imobilizados na carteira. Ao contrário, o aluno efetivamente aprende a partir de experiências em sua interação com o ambiente e seus simbolismos e com os outros, em que se produzam ações físicas e mentais , interagindo e construindo assimilações que se compõem com outros saberes que já possui, alterando-se reciprocamente. Para as escolas construtivistas o erro é um trampolim na rota da aprendizagem.






RECORDANDO E COMENTANDO

As Oito Inteligências proposta por Gardner:

Inteligência Lógico Matemática - competência em desenvolver e/ou acompanhar cadeias de raciocínio, resolver problemas lógicos e lidar bem com cálculos e números, normalmente verificada em advogados, economistas, matemáticos, etc.

Inteligência Lingüística – capacidade de lidar bem com a linguagem tanto na expressão verbal quanto na escrita. Competência esta verificada nos escritores, oradores, políticos, professores, etc.

Inteligência Espacial – competência relacionada a capacidade de extrapolar situações espaciais para o concreto e vice-versa, possuindo desta forma grande percepção e relacionamento com o espaço. Normalmente a encontraremos nos arquitetos, navegadores, cirurgiões, etc.

Inteligência Corporal-Cinestésica – está relacionada à perfeita forma de expressão corporal, assim como à resolução de determinado problema por meio de movimentos do corpo. Expressão esta bem desenvolvida nos atletas, mímicos, dançarinos, etc.
Inteligência Musical – mesmo considerada por alguns como uma capacidade intelectual, está incluída nas MI e justificada como capacidade de interpretar, escrever, ler e expressar-se pela música. Exemplos típicos são: Morzart, Chico Buarque, etc.

Inteligência Interpessoal – capacidade de entender outras pessoas, comunicar-se de forma adequada com elas, motivando-as, incentivando-as e dirigindo-as em alguns casos a um objetivo comum. Capacidade esta encontrada principalmente nos professores, políticos, lideres (políticos e religiosos, empresariais etc.), terapeutas, etc.

Inteligência Intrapessoal – capacidade de conhecer, de entrar em contato com seu próprio “self”, de se auto-avaliar. Reconhecendo seus pontos positivos e negativos, ficando desta forma mais fácil trabalhá-los.

Inteligência Naturalista – capacidade de realizar qualquer tipo de discriminação no campo da natureza, reconhecendo, respeitando e estudando outro tipo de vida que não só a humana. Característica esta notada nos biólogos e principalmente nos ecologistas.

CONVIVENDO COM AS DIFERENÇAS




Todos nós precisamos dos mesmos princípios básicos de sobrevivência, mas dentro do nosso país pela nossa regionalidade já somos um pouco diferente e somos diferentes no gosto, na escolha, no jeito próprio de ser, na nossa impressão digital, não é mesmo?
Temos semelhanças pelas quais nos aproximamos e criamos laços mais profundos, mas temos que aprender desde cedo respeitar essas diferenças.
Quero propor nesta reflexão que observemos nossa vida pela lente da linguagem, começando por dizer que nós existimos a partir da linguagem do outro, seja ela oral ou de sinais, quando alguém fala de nós, aí existimos socialmente e eu diria até realmente. Tem um ditado que diz “fale mal, mas fale de mim”, não concordo muito com esta frase, prefiro “fale bem de mim”, o que quero dizer que a frase justifica um pouco o que estou dizendo, existimos a partir da linguagem do outro.
Quando morremos ainda existimos através da fala de alguém. Pense quem você está perpetuando através da sua fala, agora pense como será que falarão de você após a sua morte, será que será lembrado pela maneira como conduziu sua vida ou como sucumbiu?
Se refletir por esse ângulo poderá encontrar a resposta sobre quem realmente é ou pelo menos saberá como se mostra ao mundo e se desejar fazer algum conserto no trajeto dessa jornada será possível.
Na convivência com outros seres humanos, somos todos os seres em construção e devemos entender que embora do mesmo grupo familiar ou social, somos diferentes e o pior que pode acontecer e sermos tratados com indiferenças; o direto as individualidades deve ser respeitado. “O que seria do amarelo se todos gostassem do vermelho”.
Filhos não são iguais, não se culpe e não os culpe trate os como gostaria de ser tratado. Esposos e esposas não são iguais, graças a Deus são diferentes buscando a mesma felicidade. Patrões e funcionários são diferentes na função, mas devem ser igualmente valorizados, alunos e professores são diferentes, alunos e alunos são diferentes, mas eles são a almas da escola.





O 3 NÃO VEM NECESSÁRIAMENTE DEPOIS DO 2


Nem sempre 2 mais 2 são 4. O 3 não vem necessariamente depois do 2. A criança pode chegar muito bem ao topo da escada sem subir metodicamente todos os degraus; e eu, sem contar as cabeças, sou capaz de dizer se falta uma ovelha no meu rebanho.
Você levanta os braços ao céu: essas afirmações, todas empíricas, contradizem e perturbam toda sua pedagogia matemática, aparentemente científica. O que acontecerá quando provarmos, com fatos, que se pode aprender a ler sem nunca se terem estudado os elementos componentes das palavras e das frases; que problemas complexos podem ser resolvidos por outras vias diferentes daquelas, excessivamente graduais, previstas nos seus livros; que as crianças são capazes de pintar um quadro comovedor sem terem seguido cursos que, até então, tinham o monopólio da preparação para a arte; e de nos surpreender com o seu sentido poético, antes mesmo de conhecerem uma única regra de gramática, de ortografia ou de métrica.
Se isso é verdade-e é-, é porque existem, para o conhecimento e a cultura, alguns caminhos que não são ensinados e seguidos pela escola. À entrada desses caminhos, os falsos sábios afixaram uma enorme placa vermelha: Proibido para pedagogos. Nós tiramos a placa e exploramos vantajosamente os caminhos possíveis para cumes almejados.
Quando éramos pequenos, sonhávamos à noite com grande escada mágica, cujos degraus se iam colocando uns diante dos outros e subindo assim até o céu. E eis que os homens, imitando pássaros, abandonaram os degraus metódicos para tomarem impulso para o azul.
Também nós tomamos impulso para a Vida; se a criança se interessa e se apaixona pela sua própria cultura, se “quer” criar, instruir-se, enriquecer-se, ela o conseguirá, talvez por ilógicos caminhos de contrabando, mas num tempo recorde, com uma segurança e uma plenitude que nos edificarão.
O principal é encontrar esse ardor, essa vida, esse furor de querer, que é bem próprio da natureza do nosso ser. Se conseguirmos nas nossas classes, todos os problemas acessórios estarão resolvidos.
Poderemos então tirar a nossa escada metódica e iniciar o vôo.

(In: Pedagogia do Bom Senso, Célestin Freinet)
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